Sai um comentário com um pires de tremoços?
Ora, aqui há uns aninhos largos, como não havia nada que fazer há noite, todas as noites ia encontrar-me com o pessoal ao café, aliviar o stress do dia, ouvir as experiências de toda a gente nos trabalhos onde tínhamos começado havia ainda pouquíssimo tempo, isto para quem trabalhava, tirando os outros que penosamente iam concluindo os seus cursos.
Nessa altura, em que o desejo era maior que a necessidade de sono, acabávamos muitas vezes por ainda ir beber um copo a qualquer lado, depois de estarmos horas a falar em frente ao café, apenas pelo prazer de convivermos uns com os outros.
E no dia a seguir, no trabalho, quase a dormir, não nos arrependíamos de termos apanhado a “tosga”, apesar dos enjoos frequentes e das dores de cabeça, sim, porque o guronzan só apareceu alguns anos mais tarde.
Mas nessa mesma noite voltávamos ao café e, qual procissão ensaiada ficava a falar de tudo e mais alguma coisa até às tantas de novo, num ciclo que sabia muito bem.
Sabíamos que provavelmente durante a semana não estaria muita gente, mas estava sempre alguém, e todos os dias havia novidades. Lembro-me de vezes em que aos fins-de-semana éramos para cima de 40 pessoas em conversas cruzadas, e que depois íamos sair a qualquer lado, beber um copo, dançar, curtir.
Os anos foram passando, a rotina, apesar de muito boa, porque ainda hoje em dia, é óptimo ir aliviar um pouco a cachola com as pessoas que gostamos, mas como rotina instituída que se tornou, começámos aos poucos a deixar de ir, quer fosse por não podermos, por começarmos a namorar pessoas fora do grupo, por fugir à mesma rotina de sempre ou muito simplesmente por não apetecer, aos poucos foram aparecendo cada vez menos pessoas, eu incluído.
Apesar de continuarmos amigos, com o passar dos anos apenas fomos aparecendo mais ao fim-de-semana, e cada vez menos frequentemente, e quantas vezes à sexta-feira à noite eu me sentia a pessoa mais triste do mundo, por ir ao café e não encontrar lá ninguém, para grande tristeza minha.
Ontem, depois de ir ao videoclube, calhei de passar em frente ao café e ia mesmo a pensar que se calhar não valia a pena parar porque era meio da semana e não deveria haver ninguém lá, por isso mais valia ir logo para casa ver o filme.
Qual é o meu espanto por ver o carro do Jorge. Encostei, pensando que poderia ficar a fumar um cigarrito com o J por uns instantes.
Vejo os putos de agora, também em grupo, encostados à montra do cabeleireiro ao lado de café, e subitamente sinto-me velho, porque ainda há 3 ou 4 anos era eu que estava ali com o meu pessoal.
Entro no café, e está lá montes de pessoal, que alegria, mas logo depois de eu entrar, aparece o Eurico, a Rosa, o Gonçalo, o Hugo, a Rute, e às tantas, éramos tantos como nos bons velhos tempos.
É tão bom ter amigos, é tão bom reunirmo-nos e falarmos, rirmos e curtirmos juntos. Realmente, a vida sem amizade não faz sentido. Ainda bem que tenho tantos e tão bons amigos... eu que pensava que já ninguém gostava de ir ao café para... sei lá para quê, para estarmos juntos, no fundo, apenas para isso.
E que prazer que é estarmos junto uns dos outros, a partilhar a nossa existência...
quinta-feira, setembro 18, 2003
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