segunda-feira, outubro 27, 2003

Desporto: Inauguração do novo mito nacional (p1)

Sai um comentário com um pires de tremoços?

Estou desiludido. Muito.
Um Estádio tão grandioso, uma oportunidade única na vida de uma pessoa, a de assistir a um momento tão carregado de emoção, de paixão por algo, que gostaríamos que tivesse sido lindo, inesquecível, mas conseguiram estragá-lo de muitas formas.

Não que não tivesse sido giro, aquilo conforme se entra no estádio, fica-se de boca aberta e com aquela sensação “uau”.
Maravilhamo-nos com as torres, os arcos, o passadiço de apoio nos arcos, tudo suspenso, maravilha da engenharia, o relvado, as bancadas, a perspectiva de qualquer lado do estádio, a chuva a cair, e os ventos frios, que não se sentem nas bancadas, pelo menos nas ultimas filas.

Vou contar como é a perspectiva de um simples sócio que pagou quase 30 €uros para o momento único:

1)O Estádio:

Inexplicável a sensação de grandiosidade.
Quando se passa na Avenida Lusíada, ou na 2ª Circular fica um gostinho a amargo na boca, aquela coisa de Alvalade faz um vistaço com os azulejos, e o Estádio da Luz, discreto no seu ambiente “cinzento” do Betão, chama menos a vista.

Mas entrando no complexo, depois das 2 horas de espera, fica-se estupefacto com a grandiosidade conseguida.

Cadeiras confortáveis, espaço razoável para sentar, mesmo para gordos como eu, mas com o problema de sempre, de termos que nos levantar mesmo com os magrinhos para se passar para os lugares.

Grande confusão também com a marcação dos lugares, com os sectores a originarem grande confusão, principalmente às pessoas de mais idade, a quem nem os poucos assistentes (desapareceram depois de se darem a ver, mal a festa começou) conseguiam explicar com sucesso as novas formas de encontrar o lugar.

O Estádio impressionou-me também com o facto de um grito numa bancada ser bastante o suficiente para ser ouvido em todo o estádio.

2)O Ambiente:

Os Diabos Vermelhos, apesar de cada vez menos a gritarem, e mais a verem o jogo, parecem multiplicados por 10 neste novo ambiente.

Então com o estádio às escuras, parece tal e qual um filme do Spielberg, estilo contacto imediato de 3º grau, com a musica a bombar.

O público estava lá, disponível para festa, sempre a corresponder às solicitações dos chatos dos speakers, que parece que vendem nas feiras, tal é o linguajar improvisado.

Aliás, toda a festa feita com o público pareceu, se calhar porque foi mesmo, um completo improviso, de um amadorismo total, não se aproveitando como se poderia ter aproveitado as luzinhas do público, e as ondas que nos faziam sentar e levantar.
Aquela história do mais devagar e mais depressa é gira uma vez, é engraçada a segunda vez, é chata a terceira e já enjoa à quarta vez.

E a mania de não deixarem o público cantar antes do jogo, com músicas e agora a novidade da publicidade sonora, chateia e irrita quem gosta de ouvir os cânticos.

Relativamente ao público, basta dizer que eram todos Benfiquistas, para se dizer da sua enorme qualidade. Espectacular simplesmente.

3)A festa:

Na terrinha dos meus pais há festa todos os verões. E todos os verãos se gastam mais €uros em foguetes do que foi gasto na festa da Luz.
Mesmo no antigo estádio, já vi fogos muito mais grandiosos e mais espectaculares.
O que é que se viu de dentro do Estádio?
Meia dúzia de fogachos, as bandeiras com “rojões”, e pouco mais.
O efeito no relvado foi muito giro, com as luzinhas de natal a terem um efeito porreiro, só não percebi a menção que se fez à Somague, que quase pareceu que não pagámos o Estádio, e que eles no-lo ofereceram.
Santa paciência, os homens só fizeram o que pagámos, pagamos e pagaremos, e muito bem para fazer.

“aguardem mais uns minutos, por favor, a sessão solene vai começar dentro de momentos”, isto dito pelo speaker um pouco antes das 9.
Sessão solene? Ninguém disse nada disso.
Pensámos que ia ser grandioso, melhor que a abertura dos jogos olímpicos.

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