quinta-feira, setembro 18, 2003

E eu pensei que não estava lá ninguém...

Sai um comentário com um pires de tremoços?

Ora, aqui há uns aninhos largos, como não havia nada que fazer há noite, todas as noites ia encontrar-me com o pessoal ao café, aliviar o stress do dia, ouvir as experiências de toda a gente nos trabalhos onde tínhamos começado havia ainda pouquíssimo tempo, isto para quem trabalhava, tirando os outros que penosamente iam concluindo os seus cursos.

Nessa altura, em que o desejo era maior que a necessidade de sono, acabávamos muitas vezes por ainda ir beber um copo a qualquer lado, depois de estarmos horas a falar em frente ao café, apenas pelo prazer de convivermos uns com os outros.

E no dia a seguir, no trabalho, quase a dormir, não nos arrependíamos de termos apanhado a “tosga”, apesar dos enjoos frequentes e das dores de cabeça, sim, porque o guronzan só apareceu alguns anos mais tarde.

Mas nessa mesma noite voltávamos ao café e, qual procissão ensaiada ficava a falar de tudo e mais alguma coisa até às tantas de novo, num ciclo que sabia muito bem.

Sabíamos que provavelmente durante a semana não estaria muita gente, mas estava sempre alguém, e todos os dias havia novidades. Lembro-me de vezes em que aos fins-de-semana éramos para cima de 40 pessoas em conversas cruzadas, e que depois íamos sair a qualquer lado, beber um copo, dançar, curtir.

Os anos foram passando, a rotina, apesar de muito boa, porque ainda hoje em dia, é óptimo ir aliviar um pouco a cachola com as pessoas que gostamos, mas como rotina instituída que se tornou, começámos aos poucos a deixar de ir, quer fosse por não podermos, por começarmos a namorar pessoas fora do grupo, por fugir à mesma rotina de sempre ou muito simplesmente por não apetecer, aos poucos foram aparecendo cada vez menos pessoas, eu incluído.

Apesar de continuarmos amigos, com o passar dos anos apenas fomos aparecendo mais ao fim-de-semana, e cada vez menos frequentemente, e quantas vezes à sexta-feira à noite eu me sentia a pessoa mais triste do mundo, por ir ao café e não encontrar lá ninguém, para grande tristeza minha.

Ontem, depois de ir ao videoclube, calhei de passar em frente ao café e ia mesmo a pensar que se calhar não valia a pena parar porque era meio da semana e não deveria haver ninguém lá, por isso mais valia ir logo para casa ver o filme.

Qual é o meu espanto por ver o carro do Jorge. Encostei, pensando que poderia ficar a fumar um cigarrito com o J por uns instantes.

Vejo os putos de agora, também em grupo, encostados à montra do cabeleireiro ao lado de café, e subitamente sinto-me velho, porque ainda há 3 ou 4 anos era eu que estava ali com o meu pessoal.

Entro no café, e está lá montes de pessoal, que alegria, mas logo depois de eu entrar, aparece o Eurico, a Rosa, o Gonçalo, o Hugo, a Rute, e às tantas, éramos tantos como nos bons velhos tempos.

É tão bom ter amigos, é tão bom reunirmo-nos e falarmos, rirmos e curtirmos juntos. Realmente, a vida sem amizade não faz sentido. Ainda bem que tenho tantos e tão bons amigos... eu que pensava que já ninguém gostava de ir ao café para... sei lá para quê, para estarmos juntos, no fundo, apenas para isso.

E que prazer que é estarmos junto uns dos outros, a partilhar a nossa existência...

Sem comentários: