quinta-feira, dezembro 11, 2003

2099: Fim de actividade

Sai um comentário com um pires de tremoços?

O único blog português de reputado bom gosto, o 2099, prepara-se para cessar a sua actividade após quatro meses em que conseguiu ascender à categoria de site de humor preferido dos seus autores e das respectivas famílias, amigos e animais de estimação (vocês que estão a ler enquadrem-se onde achem mais adequado).

De acordo com a administração deste blog, o encerramento deve-se à conjugação de vários factores políticos, económicos e sociais que acabaram por conduzir a uma situação insustentável, do ponto de vista meramente humano, que não permite a viabilidade do projecto (desde que a secretária de direcção se recusou a ir pá cama com o Administrador que as coisas andam más).

Por um lado, uma concorrência cada vez maior e vinda de onde menos se esperava, ou seja, dos jornais ditos "sérios" que parecem ter descoberto uma vocação para a sátira e começaram a publicar notícias tão absurdas que não poderiam nunca ser reais.

Por outro, as dívidas, entretanto acumuladas ao longo de meses em que a actual administração da 2099 esbanjou os seus parcos fundos em:
1) aluguer de prostitutas,
2)consumo de canabis e em:
3) subornos a indivíduos de má índole, mas de estatura física considerável, contratados por personalidades públicas portuguesas para espancar os autores de alguns textos como represália por amores próprios ofendidos.

Recorde-se que as origens do blog 2099 remontam a 1881, ano em que foi fundado como órgão oficial do Partido Republicano, mas na altura com o nome "O Século".
Em 1979 acabaria por assumir o nome actual após aquisição pelo industrial da cortiça José António Noventa e Nove da Cunha que sempre desejou ter uma publicação com o seu nome.

Alguns anos antes, uma série ilustrava, ou antes, plagiava absurdamente o ambiente do magazine, numa epopeia espacial, produzida por estúdios Norte-Americanos, que se apelidou de Espaço 1999.

Entre 79 e 98, passou o jornal por várias orientações ideológicas e temáticas que produziram o efeito nefasto de reduzir a fanicos o que restava da sua identidade original.
Foi publicado sobre a forma de jornal, revista, suplemento, panfleto, maço de tabaco, autocolante, saco de plástico, sinal de trânsito, toalha de praia, tatuagem no braço de um marinheiro peludo e almanaque, chegando a fazer concorrência durante dois meses inteiros ao eterno Borda d'Água.

Quanto aos temas, o 2099 dedicou-se neste período à culinária saudita, à política internacional, à economia dos esquimós siberianos, à política nacional (num período em que as publicações sobre atraso mental e corrupção incorrigível eram bastante populares), à jardinagem, à criação de lebres da Patagónia, à apicultura, aos desportos radicais sem capacete, aos jogos pornográficos de computador, à pesca não desportiva, ao hóquei em patins sem stick e à vida de um tal Eduardo Ceboleiro Sousa, um guarda republicano na reserva residente em Fernão Ferro, com uma ligeira tendência pedófila.

Em 1999, o jornal 2099 estava de rastos e prestes a autoextinguir-se.
Pensou-se na altura em processar os estúdios Marvel e DC Comics, pelo uso abusivo da marca 2099 nas suas histórias futuristas, mas a idéia não passou disso mesmo, depois de se confirmar que a justiça nos EUA poderia colocar em causa a soberania Nacional, caso o nosso jornal pudesse ser considerado arma de destruição maciça.

Foi então que a administração da época se decidiu por uma mudança radical e transformou a já centenária publicação numa revista pornográfica para homens com fetiche por tornozelos.
Ao segundo número com fotografias explícitas dos tornozelos mais sexys da Europa e arredores, tudo estava terminado.

Há muitos que apontam a existência de algumas incongruências nesta história da 2099.
Mentes mal intencionadas poderão até chegar ao ridículo de dizer que o blog 2099 se limitou a apropriar-se da história do extinto jornal "O Século" num esforço desesperado para construir uma reputação honrosa.

No entanto, esses boatos maldosos valem o que valem e são o que são e quem tudo quer, tudo perde e perdido por um, perdido por mil e de perto se vai ao longe.

Em Setembro de 2003, um grupo de entusiastas do pólo aquático em Chafarizes de Rotundas de Estradas Municipais decide ressuscitar o magazine "2099" e cria o blog com o mesmo nome e que procurou reavivar o gosto pela utilização de ervas na cozinha junto do grande público.

Ao título é apensa a legenda descritiva: "Patrocinado pela ANCA" que procura sintetizar a orientação da nova 2099 e tornar claros os seus propósitos para os anos vindouros e para o novo século começado há pouco tempo, revelando-se desta forma como uma aposta segura para o Século XXI.

Com o apoio seguro da Associação Nacional de Condutores Alcoólicos, patrocinador desde o primeiro minuto, e com o alto patrocínio de algumas marcas de bebidas alcoólicas bem conhecidas do grande público, o projecto vem-se desenvolvendo com altos e baixos, consoante a maré muda de feição.

Ao longo de quase cinco meses, a 2099 foi imitada, insultada, copiada, roubada, enxovalhada, dissimulada e enlatada por pessoas que nunca conseguiram decidir-se entre a admiração devota mal disfarçada e o ódiozinho invejoso de quem é mesquinho e pobre de espírito que é como quem diz: parvo.

Termina agora um ciclo na história da internet em Portugal.
Devido à insustentabilidade da situação criada, a "2099-Odisseia no bar” decide cessar a sua actividade a partir do próximo mês, abrindo falência e dando lugar à novíssima "2099-Odisseia num oceano de cerveja." que procurará honrar a sua progenitura e continuar a martelar as cabeças e a pontapear os rabos de todos os que contribuem para fazer de Portugal o país mais absurdo deste sistema solar (isto sem contar com os óbvios benefícios fiscais desta operação).

Lamento sinceramente terem-se apagado os sorrisos de todos os que começaram a ler este texto com uma centelha de esperança de que fosse o fim.
Tenho mesmo muita pena mas não é o caso.
Vamos continuar por cá por muitos e bons anos... não... meses... dias... Então os meninos não queriam mais nada?

PS: Adaptado a partir dos “mestres”, confirmem na inépcia.

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