segunda-feira, janeiro 12, 2004

Factos da Vida: Educação a Metro

Sai um comentário com um pires de tremoços?

Deixei de ser burguês.
Agora deixo o carro na estação e ando de Metro.
Confesso que há vários anos que não punha os pés numa estação de Metropolitano.
Confesso que fiquei deveras surpreendido com a pontualidade dos Metros.
Chegam sempre na hora anunciada na estação, são extraordinários na pontualidade e grau de eficiência.

As estações estão cada vez mais bonitas, e algumas carruagens também; creio que o novo estilo com que estão decoradas se chama grafitti, nota-se que o Metropolitano teve o cuidado de seleccionar apenas autores de obras de arte reconhecidas.

Pude identificar até agora obras assinadas do Carlos G, do DJ Molusco, do F. André e do Jocivalter.
Há, no entanto algumas obras não assinadas que deveriam ter outro tipo de tratamento, uma vez que desta forma é mais difícil ao Metro efectuar o pagamento das mesmas aos autores.

Aliás, pelo estado da arte em Portugal, acho que os dreads do graffiti deveriam além do seu nome de guerra, colocar também o NIB para se poder efectuar a transferência devida pelo valor da obra, assim como também para facilitar que se disponibilizem fundos pela parte dos mecenas que passam nas ruas e que admiram com emoção aquelas verdadeiras obras de arte citadinas, e não só.

Mas vou deixar isso para outro post e vou voltar ao tema principal, que é, como podem confirmar se deslocarem o vosso olhar um pouco para cima: “Educação a Metro”.

Logo ao fim da segunda viagem que fiz, um pouquito mais para a hora de ponta, pude lembrar-me logo do porquê de eu ter deixado de andar de Metro:
1 – Os carteiristas estão em todo o lado.
2 – Os homosexuais também
3 – Não há conforto naqueles bancos minúsculos (não venham com desculpas do big ass)
4 – Há pessoas que não tomam banho de manhã.

Mas tirando estes pequenos pormenores, até gosto de andar de Metro, é fixe, chega-se rápido a qualquer sítio, e nem se está assim muito tempo à espera.
Em compensação e como pontos positivos, posso destacar:
1 – O preço, não é mau mas é caro, se pensarmos que o ultimo bilhete que comprei, aqui há 5? Anos custava 65 escudos, quase dobrou de preço em poucos anos.
2 – Não há filas de automóveis para passarmos horas a fio.
3 – Não há sinais a pararem-nos a cada 200 metros.
4 – Não somos multados pela Polícia (excepto se assediarmos alguma menina e a bófia calhar de estar nessa carruagem, embora isso seja raro, bófia no Metro é quase como gente honesta no governo, são incompatíveis).
5 – Não somos multados pela EMEL, nem temos ao fim do dia de ir buscar o carro que foi bloqueado (paga-se mais dinheiro de parquímetros que no bilhete do Metro).
6 – Não deixamos o carro a 4 quilómetros do trabalho depois de pasarmos quase 1 hora à procura de lugar para estacionar.
7 – Ninguém nos risca o carro porque estávamos a bloquear o lugar de deficiente.
8 – Não somos insultados no trânsito por filhos de mães com profissões duvidosas.

E a lista continuaria por aí fora, mas não me vou alongar mais, acho que vocês já perceberam os benefícios do Metro.

É curioso constatar apenas que a educação dos Portugueses na condução é igual à forma como andam de Metro.

As pessoas tentam atropelar-se umas às outras, não pedem licença, empurram, rasteiram, dão cotoveladas, etc.

Ainda na semana passada, a mudar de linha no Marquês, tive a oportunidade de ser empurrado sem dó nem piedade por um puto de 15 ou 16 anos, que nem licença, nem desculpas, simplesmente foi passando e empurrando tudo o que estava no seu caminho.

Acho que este jovem é apenas o ultimo exemplar da raça Lusa, no seu melhor.

A nossa evolução e adaptação de povo ordeiro e cordial, ao ritmo de vida frenético do novo desenvolvimento tem como expoente máximo esta nova criatura, incapaz de sentir remorsos ou respeito por qualquer coisa que seja.

O novo ideal Lusitano é apenas um agora: “Eu primeiro”.

E este novo ideal é acompanhado de uma filosofia que segue as regras da máxima: “Os outros que se lixem”.

Já me tinha esquecido como é tão bom viver em sociedade, no meio de pessoas tão cultas e educadas, ou por outra, pelo menos no meu carro, chamam-me nomes, mas nunca me tinham empurrado.

Ainda assim, estou a gostar a experiência, é porreiro (principalmente quando o Metro vai cheio e tiveste a sorte da chavala mais gira da carruagem está mesmo à tua frente e nessa altura evitar o contacto físico é impossível), e vou continuar a aposta num ambiente mais são, e numa vida mais ecologista (além disso, poupa-se muito a andar de transportes, pensem só no gasóleo, nas portagens, nos parques, nas multas, na manutenção do veículo, compensa em larga medida).

PS: Acham que se enviar um mail ao ML a dizer que editei um artigo a falar bem deles, eles me pagam a publicidade gratuita?

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