sexta-feira, setembro 19, 2003

Notícias: O Paulo, o Miguel e os imigrantes.

Sai um comentário com um pires de tremoços?

Num recente discurso, daquelas re-entrés políticas onde os contribuintes pagam para o pessoal dos partidos comerem, beberem e fazerem festas à pala, o PP (não consigo esquecer que PP também é abreviatura de Peixe-Palhaço) deixou falar o Paulinho, aquele puto lá da minha rua.

Ora o Paulinho fez um discurso bastante agradável, a dizer que o facto de nunca ter ido à tropa né condicionante para não se ser um bom Ministro da Defesa, e que não há incompatibilidade entre ser amigo de donos de fábricas de armamento e ser o responsável pela autorização de compra de armamento para o País.

Em todo o caso a parte mais colorida foi quando o Paulinho se queixou que temos pretos a mais em Portugal, e que qualquer dia há mais gajos de leste que Portugueses e que isso ia acabar, porque os Portugueses querem trabalhar e depois ficam no desemprego, e outras tretas dessas.

Mais vale ser honesto e dizer que não se gosta de pretos nem de Ucranianos, para não se cair nas mesmas patranhas do Adolfo, que com mentiras conseguiu matar uns milhões. Em todo o caso o Paulinho não tem nada contra Judeus, já é um ponto de partida, mas parece que também não gosta dos Evangélicos.

Agora o que eu não consigo perceber é qual é o trabalho que os pretos e os gajos de Leste roubam aos Portugueses. E passo a citar alguns exemplos:

1- Obras: Só trabalha nas obras quem não acabou a quarta classe, ou tem mais de quarenta anos e não sabe ler nem escrever. Acartar tijolos, carrinhos de cimento e reboco, é para escravos, e como tal, contratam-se pretos. Na fila de desemprego não há ninguém que diga “eu gostava de trabalhar nas obras”, mas muitos dizem “eu gostava de ter a minha empresa de Construção Civil”. Mas escravos para trabalhar só contratados a outros países e de preferência ilegais. Já viram o que o Estado vai perder por não poder contratar empresas que fazem “Dumping” (para quem não sabe o que é, são preços abaixo do valor de mercado) aos preços, jogando para tal com os baixos pagamentos dados a escravo que trabalham 12 e 14 e 16 horas por dia? (como é que acham que os estádios pó Euro2004 vão ficar prontos a horas?)
2- Agricultura: mesmo exemplo que o anterior, o gosto por andar a cavar terra desapareceu em Portugal, excepto por alguns empresários que, entretanto vão conseguindo expandir as quintas. Mas pessoal para trabalhar, Português, ou não sabe ler, ou é Engenheiro Agrónomo e não faz puto. “Sujar as mãos com uma foice ou uma enxada? Vais lá ver, ando a pagar uma fortuna à manicura e depois ainda estrago uma unhita”. Dizem que há muitos agricultores em Portugal, mas é só farsa para continuar a receber subsídios Europeus.
3- Pesca: qual pesca, aquela das traineirazitas? Já acabou.
4- Restauração e hotelaria em Geral: há alguém que esteja 4 anos a tirar um curso universitário para depois ir trabalhar em qualquer posto abaixo de gerente ou a ganhar menos de 200 contos? Ninguém, ou só pessoal mesmo desesperado. Dou um exemplo, a Iber, do Grupo Sonae, paga 68 contos por mês ao pessoal dos seus restaurantes. Quem, sem ser imigrante, consegue viver com isso e sustentar-se a si ou à família?
5- MacDonalds, a servir à Caixa. É suposto ser um trabalho para jovens, remunerada para satisfazer as necessidades económicas deles. Mas para quê? Os putos doje em dia chegam à carteira do pai e tiram. Querem qualquer coisa e pedem ou roubam. Desde telemóveis a playstations, a aparelhagens, a carros ou motos, gasóleo, re-carregamentos, os papás dão tudo pós-filhinhos deles nunca sofrerem para viverem, como eles sofreram antes. E com isto, a educação que damos aos nossos filhos é a do facilitismo, tudo é fácil de arranjar e não é preciso esforçarmo-nos para nada.

Em todo o caso, e voltando à nossa história, o Paulinho disse o que disse, porque na nossa rua moravam uns amigos imigrantes pretos, o Mutombinho e o Tiburcinho. E o Miguelito, o irmão do Paulinho, tem outro tipo de tendências, não sei se já repararam.

O homem, apesar de sair daquela família esquisita, a família Portas, até conseguiu sair minimamente equilibrado. Apesar de ter a mania que é revolucionário.

Então o Miguelinho não gostava muito do Paulinho (filhinho mais novo, benjamim da casa), e como sabia que ele não gostava de pretos, convidava o Mutombinho e o Tiburcinho lá para casa deles.

Eram tardes inteiras a torturar o pobre do Paulinho com aquelas quizombas e as ganzas de erva Angolana. Inclusive, isto não sei de ter visto, sei do que constava na rua na altura, parece que o Paulinho gostava de coisas diferentes, e um dia apanhou os dois meninos na casa de banho, e pediu-lhes para lhe fazerem certas coisas, apesar do cheiro a catinga, daquelas brincadeiras inocentes de criança, mas que acabaram com o Paulinho no hospital com dezasseis pontos no cagueiro (os coisos dos pretinhos se tivessem orelhas eram gatos), e com aquele andar esquisito que ainda hoje se nota quando ele acaricia os soldados nas paradas militares.

É por isso que o pobre do Paulinho ainda hoje guarda ressentimento aos imigrantes, cada passo que dá tem más recordações, principalmente se os imigrantes forem pretos (parece que quis expulsar o Narana do partido e tudo, mas não o deixaram).

Há pessoas que não sabem perdoar. Ainda por cima foi ele que pediu...

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